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Edição 27 – Edição de Setembro – 2024

EDITORIAL

PEDAGOGIA CRÍTICA: EPISTEMOLOGIA, POLÍTICAS E PRÁTICAS

 

Prof. Dr. Roberto Araújo da Silva Vasques Rabelo

Centro Universitário Lusíada (UNILUS) – Universidade de São Paulo (USP)

Prof.ª Dr.ª Maria Amélia do Rosário Santoro Franco

Universidade Católica de Santos (UNISANTOS)

 

As vertentes críticas em Pedagogia têm fundamentado estudos e debates no campo educacional desde meados do século XX. Com procedências vinculadas ao aspecto emancipatório do paradigma moderno, isto é, ao marxismo e suas decorrências, a Pedagogia Crítica configura-se como importante recurso de resistência e enfrentamento às desigualdades sociais presentes no devir existencial humano e no sistema capitalista contemporâneo.

A práxis da Pedagogia Crítica integra a consciência e a prática da educação como recursos para a transformação da ideologia dominante que oprime classes sociais subalternizadas. Portanto, essa perspectiva epistemológica opera práticas educativas baseadas na problematização de contextos histórico-culturais com vistas a modificá-los, na intenção de produzir justiça social e cognitiva.

Este dossiê reúne trabalhos que discutem princípios epistemológicos, práticas pedagógicas e políticas educacionais lastreados na Pedagogia Crítica. Os artigos aqui reunidos pretendem contribuir com o desenvolvimento da Educação, a ampliação do debate epistemológico sobre Pedagogia e Pedagogia Crítica, assim como difundir potencialidades da práxis pedagógica crítica em instituições escolares.

No primeiro texto, intitulado Pedagogia Crítica: princípios epistemológicos e políticos, de nossa autoria, buscamos descrever as bases epistêmicas e políticas da Pedagogia Crítica, apresentando seus elementos constitutivos e suas finalidades emancipatórias.

O segundo artigo, O direito de ser e se construir humano: formando por uma epistemologia crítica freireana, de Guadalupe Mota e Simone Nogueira, busca evidenciar, a partir de um processo formativo docente com caráter pedagógico-crítico, as possibilidades de reação à lógica neoliberal na Educação.

No terceiro estudo, intitulado A Pedagogia Crítica na perspectiva de Maria Amélia do Rosário Santoro Franco, Mary Gracy Lima e Saray Marques indicam subsídios da e para a Pedagogia Crítica, a partir de uma análise da obra de Maria Amélia Santoro Franco.

Em Teoria Crítica e Pedagogia Crítica sob a ótica de Theodor Adorno, Walter Benjamin e Paulo Freire, Gabriel Jorge Rodrigues de Souza e Aldo Lima Silva discutem, de maneira ensaística, articulações entre a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt e as bases da Pedagogia Crítica freireana, fundamentos da práxis pedagógica socialmente engajada e emancipatória.

O quinto artigo, Formação Inicial em Pedagogia: o aprender a ensinar em sua relação com as práticas pedagógicas a partir da Pedagogia Crítica, cuja autoria é de Thayná Guedes Assunção Martins e João Antonio de Sousa Lira, traz uma análise de como a Pedagogia Crítica pode contribuir no processo de aprender a ensinar mediante a produção de práticas pedagógicas que transcendam a ingenuidade.

No sexto texto, A rotina pedagógica e a inibição da infância: curiosidade epistemológica à míngua, Hélio da Guia Alves Junior e Silvia Cinelli Quaranta buscam identificar prejuízos oriundos da mecanização da rotina pedagógica, com a pretensão de compreender a diferença entre rotina e ritual, e refletir sobre as possibilidades do ritual pedagógico como um instigador da curiosidade epistemológica, um fundamento da Pedagogia Crítica.

O sétimo artigo, Conflito Pedagógico: dispositivo e possibilidade em outra pedagogia, das autoras Leiny Leite e Lisley Gomes da Silva, provoca reflexões sobre o conceito de conflito, a partir de pressupostos da Pedagogia Crítica freireana.

Em Educação antirracista e mídias digitais na EJA: caminhos de esperança em tempos de desencanto, o oitavo texto deste dossiê, Valmir Jhonatta Barbosa e Rosângela Rodrigues dos Santos analisam a integração entre mídias digitais e práticas pedagógicas críticas e antirracistas no contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O nono estudo deste dossiê, de autoria de Larissa Lima dos Santos e Silvia Cinelli Quaranta, tem como título Crianças refugiadas: o pertencimento por meio da educação e apresenta um importante relato de experiência alicerçado em fundamentos críticos emancipatórios sobre a educação de crianças refugiadas do Afeganistão.

O último artigo que compõe este dossiê, Princípio da Pedagogia Crítica como possibilidades de formação e práticas pedagógicas no processo de inclusão escolar no município de Cajati/SP, cuja autoria é de Olga Rosa Koti, explora potencialidades de formação docente lastreadas na Pedagogia Crítica, no contexto de um município pertencente a uma das regiões mais pobres do Estado de São Paulo.

Em suma, acreditamos no potencial da Pedagogia Crítica como recurso fundamental para a produção de uma educação progressista e para a superação de desigualdades, regimes de opressão e autoritarismos. Esperamos que este dossiê possa sensibilizar e congregar novos estudantes, docentes, pesquisadores e quaisquer interessados nessa temática, para o desenvolvimento de uma sociedade global justa, a partir de práticas pedagógicas problematizadoras, politicamente engajadas e socialmente referenciadas.